Já era um fato consumado. Eu estava perdido. Para todo os lados que eu olhava só havia mato denso, árvores do tamanho de sobrados e barulho dos grilos de fim de tarde.
O suor que escorria pelo meu corpo já começava a ficar gelado e eu já não sabia se era frio ou preocupação. Pelo menos afastava os mosquitos que batiam contra meus olhos. Só passava na minha mente que eu provavelmente iria passar a noite ali.
Já tinha rodado 7 vezes, completando 3 horas de busca pela saída daquele labirinto verde, mas eu sempre voltava para a mesma clareira com aquela cerejeira inconfundível de 15 metros e cheia de flores brancas. Uma cena linda de encher os olhos, se não me lembrasse que eu estava andando em círculos.
O Sol já começava a se por, com luminosidade a diminuir e nem sinal do grupo. Tirei a mochila das costas para tentar abrir o Google Maps no meu celular, mas continuava sem sinal.
Olhei dentro da mochila e já não tinha mais nenhuma comida, sobrava só 300 ml de água e meu celular, com a bateria no vermelho. Abri o Whatsapp e tentei mandar uma mensagem para o guia, com a minha localização, só que não conseguia enviar nada. Sem sinal.
Sentei no chão exausto, encostei na árvore e aceitei que passaria a noite ali, embaixo da cerejeira.
Enquanto eu fechava os olhos, meus pensamentos foram me levando para longe e admiti para mim mesmo:
“Me perdi”.
Será que ia conseguir voltar? Eu achava que sim, iria encontrar alguma hora o caminho. Mas não podia ignorar o fato de que havia a possibilidade de não voltar.
A possibilidade existia.
Não dava para negar que eu poderia não achar, ser atacado por alguma onça ou alguma outra ameaça de uma selva virgem.
Aquela caminhada na natureza, que havia sido concebida para praticar o autoconhecimento, já tinha se desgovernado. O grupo eu não via há umas 4 horas. A cerejeira eu já tinha cruzado 7 vezes. E o autoconhecimento tinha ficado de lado porque antes eu tinha que achar o caminho para casa.
Grande ironia do universo. Até comecei a rir. Tinha saído para me encontrar por dentro e acabei me perdendo por fora.
Então,
Inspirado pela ironia resolvi entrar de cabeça na dança, afinal eu já estava perdido mesmo, pior não ficava.
Pensei comigo: “Ok, já que estou perdido, deixa eu aproveitar a experiência para nunca mais me perder”.
Deitei-me com as costas apoiadas no chão duro e irregular, sentindo o cheiro da terra fresca e deixei a sensação de estar perdido tomar conta dos meus pensamentos, junto com a hipótese de nunca mais voltar e de ser meu fim.
Passou na minha mente a cena da minha família aflita, esperando perto do portão, sem saber de mim. Pensei na minha esposa me procurando desesperada e nos meus filhos chorando sem saber cade o paipai.
Era como se não sobrasse nada, porque a minha vida, minha família e tudo o que eu conhecia havia se perdido naquele instante.
E foi aí que aconteceu.
Quando você chega perto da possibilidade de perder tudo, encontra o mais importante.
Sabe o quê?
Quando não havia mais nada, ainda havia Eu.
Eu havia me encontrado de uma forma diferente do que jamais havia visto. Antes era o Ricardo que faz isso ou aquilo, que é isso ou aquilo e que está se tornando isso ou aquilo.
Mas naquele momento era apenas eu, alí, totalmente presente.
Fiquei renovado porque esse era o objetivo da viagem. Me encontrar. Encontrar o Eu Real.
Esse é o objetivo do autoconhecimento.
E neste sentido a experiência estava 10.
Paradoxalmente, quanto mais eu me deixava levar, mais força, esperança e fé eu criava.
Não. Minha família não ia passar a noite sem mim.
Comecei a levantar e no momento que eu ia começar a procurar novamente, agora com a certeza de já ter encontrado, meu celular fez um som de nova mensagem. Do nada, o sinal tinha voltado.
Era o guia respondendo que tinha recebido a minha mensagem, que de alguma forma acabou enviada. Ele dizia que já sabia onde eu estava e que viria me pegar. Isso havia sido há 30 minutos, mas a mensagem chegou quase junto com ele. Alguns segundos depois eu vi o brilho do pelo do Goldem Retriever que andava com o guia, que vinha logo atrás, com rosto sorridente.
Naquela noite eu dormi em casa, grato por essa experiência maluca e incrível. E sabendo que eu que não precisava mais ir a lugar algum para me encontrar. Era só olhar para dentro de mim.
Como olhar para dentro de si?
Esse é o propósito do autoconhecimento. Promover uma autoinvestigação com técnicas diversas.
Quando você pratica o autocohecimento está olhando para dentro de si.
Naturalmente também irá praticar a espiritualidade porque assim como o autoconhecimento, aponta para a verdade absoluta sobre o que você é.
Para começar, navegue pela categoria de autoconhecimento deste site, onde você vai achar muitos insights, técnicas e dicas para se desenvolver.